A mentira não tem perna curta, porque a farsa dá passos largos, a fraude excede distâncias exorbitantes, o embuste chega ao destino sem percalços, o engano é veloz, a “balela” é instantânea e a “peta” sai impune. Neste mundo não sobra espaço para a sinceridade, eterna e virtuosa, que tonta essa lealdade, que acha que transcende o falso, por cima da envergadura da mentira, a verdade tem que voar alto. Mas os pássaros não estão prontos para lidar com transparências, não as contemplam, batem com a cabeça. Eu cá sou peixe, nado na clareza, contudo temo a incoveniência de um “tubarão” honesto ou um “pescador” franco, esses que afligem o “imperfeito”, com uma autenticidade absoluta.
Que o amor não seja invenção e integre a realidade, porque amores momentâneos são as tais “balelas” instântaneas, as paixões permitem fingimentos, mas o coração não inteira desonestidades. Que o “vulnerar” não seja também o verbo para os queridos, como pretexto e em função da fidignidade, se os peixes não pediram para serem pescados.
Quem sabe se os pássaros não começam a ver vidros com cor de sinceridade e se começam a desviar dessas nuvens mentirosas, que de almofadas não têm nada. Eu cá não me deixo repousar na calúnia, se a franqueza for mais confortável.