Um tema, que à primeira vista é contraditório,
contudo tão normalizado, e no qual se tornara hegemónico. A adultização de
meninas e a infatilização de mulheres, é um fenómeno que acontece devido à
pressão estética do patriarcado desde a infância, e que assombra a mulher até à
sua vida adulta. Assim, a pressão da jovem menina em ser madura, comportada, a vestir-se como uma
jovem mulher, e para assim justificar os olhares objetificantes da visão masculina.
Por outro lado a mulher adulta tem que ficar em uma cápsula do tempo, na qual não envelhece, e
deve ter uma atitude jovem e leve, e obviamente sem rugas, e com uma aparência
tão jovem como na sua adolescência.
Ser mulher sobre um sistema
patriarcal é uma constante pressão, sobre o que deveríamos ser. Tanto por influência
da média, cinematográfia e da música. Todos os meios estão contra nós,
dizendo-nos como agir, vestir, tudo para agilizar o olhar masculino. Pois é através
dele, é que somos vistas. Tudo gira à volta desse olhar, a nossa educação,
maneirismos, rotinas, o que lemos, o que vemos na televisão ou nas redes sociais . Nesse olhar, é bem visto,
mulheres perfeitas, jovens, magras, brancas, sem rugas no seu “pico da idade”.
Contudo qual é o preço desse
olhar?
Valerá o preço da adultização de
meninas, de roubarem as suas infâncias, para se tornarem, objectos apelativos,
de roubarem a sua humanidade, de as tonarem em meras manequins em um mundo
capitalista, sendo vistas como um produto. Apesar de ter havido uma grande
evolução, desde o caso mais notório como Brooke Shields, no entanto ainda é
recorrente, através da evolução das redes sociais e do acesso a jovens meninas
a essas plataformas, sendo as mesmas a exporem-se, sem consciência de serem vitimas
dessa adultização.
No outro lado do espectro, temos
as mulheres adultas, às quais lhes é vendido diariamente a juventude, através
de procedimentos estéticos, produtos milagrosos, e algumas injecções, em troca
de uma grande quantia de dinheiro, é-lhes permitido tornarem-se outra vez
jovens e belas . A demonização do envelhecimento, e a exigência de uma
estagnação do tempo, é sem duvida patrocinado pela industria estética e pelo
sistema capitalista, marca-nos, como nunca suficientes, como se a alteração
inevitável do tempo, estivesse no nosso controlo, e o nosso valor tivesse data
limite.
Tudo isto, para um único olhar
que nos cicatriza para sempre e que nos influencia em tudo, pelo menos até ao fim da nossa validade, só pelos seus
olhos.