Quando Barthes fala acerca da retórica da imagem, defende que as imagens não são apenas meras representações da realidade, mas sim uma construção de vários significados que levam a diferentes interpretações dos vários tipos de público. Agora que estamos numa era completamente dominada pela inteligência artificial e pela criação de imagens computorizadas, os significados podem ser agora ainda mais fáceis de manipular.
Na criação de imagens geradas por IA, o processo de criação pode ter similaridades com o processo que Barthes descreveu. Produzem-se imagens a partir de descrições literais, a denotação, sendo também introduzidas associações culturais e estilísticas, a conotação, que estão totalmente ao dispor de quem escreve essas descrições. Há também um maior controle na manipulação dos significados por meio das escolhas feitas acerca da composição da imagem. Com pequenos comandos de textos podemos alterar toda a imagem, seja de ângulo, iluminação ou até mesmo de contexto. Está assim à distância de um clique uma grande facilidade em adaptar várias mensagens a diferentes público alvo.
Alinhando-se à ideia de Barthes, a
criação de imagens pode ser utilizada para fins específicos, comunicando e
evocando emoções, no entanto há a probabilidade de gerar narrativas visuais sem
qualquer contexto crítico. Podem ser amplificados aspetos e estereótipos
culturais e sociais gerando significados não intencionais pela parte do criador,
podendo propiciar, por exemplo, preconceitos.
Concluindo, associando a retórica
com a era em que vivemos, entendemos que estas imagens geradas são um exemplo sólido
de como estas possuem diversos significados, influenciando e moldando as nossas
perceções e visões acerca do mundo.