quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

O que é fabricado como prioridade na vida.


O objectivo deste texto é refletir como a época do aparecimento das estrelas de Hollywood levou um determinado grupo de indivíduos a cultivarem uma falsa personalidade, e a quererem fazer-se passar por ricos através do consumismo, valorizando mais a sua falsa vida, cultivando a personalidade de um individuo inventado, em vez de cultivar a sua própria personalidade, e o que leva a que este fenómeno se continue a manifestar nos dias de hoje.
O aparecimento das estrelas de Hollywood, suscitou nas massas um interesse pela vida destas estrelas de cinema que eram tão conhecidas e ricas, este interesse por parte das massas na vida de indivíduos que aparentemente tinham tudo o que se poderia desejar na vida, dinheiro, felicidade e fama, levou à criação de conteúdos dedicados à vida destas estrelas, que expunham partes da sua vida em troco de dinheiro, criando assim um produto que era imediatamente consumido pelas massas. Esta curiosidade eventualmente começou a criar nos consumidores, um sentimento de inveja e uma idolatração por aquele estilo de vida, que julgando pela forma como era apresentado, era um estilo de vida sem um lado negativo, a mensagem era tão eficaz e a apresentação do conteúdo tão bem feita, que uma parte dos consumidores deste tipo de produto começou a tentar imitar o estilo de vida que lhes era apresentado, na esperança de conseguirem alcançar os mesmos resultados.
Esta tentativa de imitação, levou indivíduos a acumular dívidas para poderem comprar bens materiais que estavam acima das suas posses, pois a criação e manutenção de uma personalidade falsa que era baseada na imitação, na aquisição de bens materiais que não tinham grande utilidade, tornara-se mais importante, do que tentar melhorar quem verdadeiramente eram (o que é real) e crescerem como indivíduos. Esta idolatração por um estilo de vida que está fora do alcance do indivíduo, e a manutenção de uma personalidade falsa em vez da verdadeira, não é algo exclusivo da época, é algo que continua nos dias de hoje, sendo que é bastante predominante nas redes sociais e em cidades como Miami, onde existe um mercado de stands de carros de luxo, que permitem pessoas sem capacidades financeiras de comprar um destes carros, poderem alugar os mesmos por uma determinada quantidade de tempo, para fingirem ter uma vida que não têm e cultivarem uma personalidade falsa.
É importante tentar perceber o que pode motivar uma pessoa a tentar, ser alguém cuja a personalidade é definida por um estilo de vida, em vez de definir o seu estilo de vida consoante a sua personalidade, fazendo assim com que a personalidade seja uma criação do estilo de vida. As razões podem ser várias desde a inveja, a existência de programas que publicitam uma vida de luxo inalcançável a muitos, desejos de alcançar a fama, uma falta de direcção e propósito na vida que acaba por ser preenchida de uma forma errónea por bens materiais e a prevalência das redes sociais na vida da espécie humana.
Entre as possíveis razões enunciadas anteriormente, as mais prevalentes para que este tipo de comportamento continue a existir nos dias de hoje, provavelmente são, a falta de direcção e propósito na vida e o papel predominante que as redes sociais têm na vida do ser humano. Ter um direção e um propósito na vida são bastante importantes para o ser humano, é algo que como espécie tentamos encontrar quase que de forma subconsciente, mas não é algo fácil de se conseguir, o que pode levar alguns indivíduos a sentirem-se perdidos, o que os pode levar a querer preencher esse vazio que sentem por coisas supérfluas como a fama, bens materiais caros e comportarem-se como as celebridades ricas que são publicitadas nos media, pois esse estilo de vida aparenta trazer tudo o que se pode desejar. As redes sociais também têm contribuído para a permanência deste fenómeno, com o sistema de likes, que funciona quase como uma representação numérica da fama de uma pessoa, o que por sua vez cria no individuo o desejo de conseguir o máximo de likes possíveis, que se manifesta através da exposição nas redes sociais, de uma vida e personalidade filtradas, que só mostram o que tem maior probabilidade de adquirir likes, de forma a sentirem-se validados pela sociedade e que por vezes leva à criação de um vicio que pode prejudicar vidas.
Em suma factores sociais, culturais e pessoais, contribuem para a existência deste fenómeno que teve um grande aumento na época das estrelas de hollywood e que persiste na actualidade.