terça-feira, 21 de novembro de 2023

Há algo no ar

 

Há algo no ar

Entro no elevador de manhã e sou embrulhada numa nuvem de perfume, fico enjoada e nem passado meio-dia me sai o cheiro do nariz. Até que ponto é agradável e porquê a necessidade de despejar um frasco de perfume todas as manhãs?

 

É um hábito que vem desde o Antigo Egito, onde eram queimadas resinas, cascas e outras matérias orgânicas, para criar um fumo que chegasse até aos deuses como via de contacto entre os humanos e os deuses, a quem eram oferecidas oferendas. Os Romanos, fãs dos banhos, usavam as fragrâncias nas casas de banho públicas, produtos de corpo, cabelo e em óleos. Na China era um desinfetante e purificante de espaços, acreditava-se que podia limpar as doenças. Na Idade Média, foi criado o conceito de perfume pessoal e passou a ser popular na Europa. Aqui o perfume passou a ser usado como um objeto da moda e era usado por homens e mulheres nos seus corpos, roupas e cabeleiras. Era tanto uma máscara para o odor de um corpo deslavado como uma ostentação de luxo, o cheiro a perfume distinguia as classes. Em França a perfumaria era uma arte delicada e com técnicas precisas.

 

Hoje em dia, parece que todos estes significados se dissociaram do perfume, o uso do perfume é feito quase automaticamente, sem qualquer pensamento. Toda a gente tem acesso e deixou de ter significado. Não é feito definitivamente com o intuito de conectar com os deuses, como purificante também não. Como os Romanos, usamos cremes, champôs e géis de banho com fragrâncias, mas atualmente não tem nenhum fator especial, estranhamos qualquer desses produtos que não tenha um cheiro intenso. Ninguém tem um perfume especial ou personalizado, é feito em massas e com poucas distinções, sem ser o cítrico, floral, frutal, etc… e a sua produção também tem pouco de arte e meticuloso.