De acordo com Descartes, o corpo é suficientemente definido como algo extenso em três dimensões: comprimento, largura e altura. A partir desta teoria sugiro que pensemos um pouco sobre a realidade virtual e o que nos permite, ou não permite, relacionar com o nosso ”ser”. A limitação do nosso corpo e alma reflete uma realidade que foi posta em causa a partir do momento que começou o conceito do metaverso. O metaverso e a realidade virtual criam um espaço digital onde as pessoas podem interagir num ambiente tridimensional e imersivo, fora da vida real. Fica a questão do que realmente define um corpo…
Agora deixando Descartes, focando mais no “ser”, podemos admitir que a partir do Sistema de Signos de Saussure, no Metaverso, a linguagem adquire novos significantes e significados, deixando a dúvida do que será o conceito de “realidade” e “identidade”. Temos uma personagem ou avatar de um indivíduo que se torna um signo e representa o seu “eu digital” e portanto a relação entre significante e significado torna-se fluida. Como exemplo, uma pessoa tem a possibilidade de escolher um avatar que represente algo totalmente diferente e atópico da sua realidade no mundo físico, criando uma desconexão entre a identidade real e virtual. A alteração atópica confere num jogo de signos que transforma o próprio conceito de “ser” e a sua perceção de identidade, presença e corpo.
Partindo do conceito de corpo e da visão racional limitadora de um “ser”, agora apelo à relação entre um corpo definido como algo extenso em três dimensões e o jogo de signos refletido anteriormente. A capacidade de fugir do seu corpo e modificá-lo remete a uma das capacidades do Metaverso.
Para concluir, o Metaverso e a realidade virtual representam um novo espaço que desafia as fronteiras entre a realidade, a simulação e a identidade. É um campo onde a linguagem e a idealização do corpo interagem numa complexa rede de significados, criando uma nova camada de realidade que está em constante questionamento.