No filme americano de 2003, "Como Perder um Homem em 10 Dias", a protagonista Andie é encarregada de fazer um artigo para a revista feminina em que trabalha, sendo a proposta do artigo explicar as 10 piores coisas que farão um homem perder o interesse numa mulher - O título do artigo sendo "Como Perder um Homem em 10 Dias". A partir desse enredo ela embarca num relacionamento amoroso em que tenta, durante 10 dias, ser a mulher mais "chata" que ela conseguir para assim fazer com que o homem perdesse o interesse. O homem - Ben - porém, fez uma aposta de aumento salarial que, se ele conseguisse fazer uma mulher se apaixonar por ele em 10 dias, ganharia a aposta e o aumento, enfrentando assim as atitudes "chatas" de Andie, acreditando que esta estava completamente apaixonada por ele.
Porém, se notarmos o local de trabalho da protagonista e sobre o que ela escreve, é possível notar uma característica marcante do início do século 21 sobre a imagem feminina e quais objetos de analise grandes empresas focavam para vender seus produtos para o público feminino. A ideia de um artigo voltado exclusivamente para o comportamento feminino dentro do relacionamento implica, necessariamente, que a culpada para que ele acabe seja ela própria, em nenhum momento comentando sobre as possíveis "falhas" que um homem pode cometer dentro de um relacionamento para que este acabe. Ou seja, a revista é feita por mulheres, para mulheres, mas ao mesmo tempo as culpa por possíveis falhas em relacionamentos, não deixando margem para o erro masculino.
Não somente isso como também, nas principais revistas de moda dos anos 2000, o objeto vendido era a mulher, sendo ela tratada como um produto a ser investigado e taxado para o consumismo. Em nenhum momento a mulher poderia estar satisfeita, pois a revista sempre apresentava matérias de como a mulher poderia ficar mais bonita, mais saudável, mais em forma, mais atraente e etc, a impossibilitando então de estar satisfeita consigo mesma, pois sempre haveria algo e ser melhorado.
Portanto, durante o filme de 2003, somos relembrados desse fenômeno em massa que ocorreu principalmente naquela década e que, porém, ainda é comum hoje em dia dentro das redes sociais. Demonstrando então como era normalizado e aceitado esse conceito de "mulher em busca da perfeição", sendo a perfeição uma mulher inalcançável, pois sempre terá algo o qual melhorar, e, em outras palavras, sempre terá algo a ser vendido.