Pois que te escrevo hoje porque reparei que tens o fim do mundo dentro dos olhos perto da íris um amarelo torrado o resto verde verde enfim tu melhor que ninguém saberás da explosão que te adentra infância adolescência etc. anos azuis longe longe. Ontem sonhei que me beijavas e eu faisão já sabes como sou abri muito os olhos esdrúxulos e disse-te Pertences ao mundo das coisas para de tentar ser quem não és. Tu fugiste-me para dentro é claro não tens vergonha nunca tiveste;
No dia antes
desse sonhei-te dois e ao amar-te traí-te lógico; mais no outro sonhei que me "desnamoravas" palavra da minha invenção. Tenho tanto medo de escrever ultimamente
que deixes de súbito de gostar dos meus voos picados tristes tristes em torno
do teu peito; dormes tão bem adoro ser-te anjo da guarda já que as coisas
correm bem e se correrem mal aí redobro os cuidados nunca te deixo ao relento
das ideias. Vejo-te o mundo pelos olhos: quem me dera o rio que falta seja ele
qual for eu cá tenho as minhas suspeitas. Qual poeta qual quê: ser do tamanho
das pedras e não morrer cedo demais;
Chamo-te homem
mulher coisa o que quiseres; a terra é fenda aberta sem melhoras sangue pus
crostas etc. Presenciei-te o mundo pelos olhos hoje à hora de almoço. Tu só sabes da
beleza as coisas feias não te fazem parte do vocabulário nada faz muito
sentido. As árvores crescem e tu na mesma ausente de estações, e eu que invento
versos e problemas onde eles não existem; amar é fome eu sei. Tu nunca vais
gostar de mim: não assim, pelo menos. Odeio não poder contar-te tudo o que me
vai na alma paciência enfim inexisto-me sempre que piscas os olhos para não
morrer de ataque cardíaco ou tédio extremo — imagino-me animal cultural que
sobe a tua montanha estranha altos e baixos perguntas sem resposta como por ex.
com que direito é minha e não tua ou de outra pessoa qualquer esta dor; cada
acidente repetido ao expoente de ti, e tu que para além de não me levares a
sério também nunca brincas comigo: limbo doce e amargo pedes-me Fecha os olhos
e abre a boca; transbordas antíteses: nunca gritaste e gritas;