quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Reduzir o feminismo a uma onda


Ao longo da História ouvimos falar no feminismo como um acontecimento recorrente que vem em ondas. São identificadas três ondas. A primeira, surge durante o século XIX e início do século XX, concentrada em países como França e Reino Unido, tendo como objetivo, principal, a conquista do direito ao voto.
A segunda onda, começou na década de 1960, nos Estados Unidos, enquanto que a primeira onda do feminismo era focada principalmente no sufrágio, a segunda onda do feminismo ampliou o debate para uma ampla gama de questões: sexualidade, família, mercado de trabalho, direitos reprodutivos e desigualdades legais. Este movimento também chamava a atenção para a violência doméstica e para a violação conjugal. A terceira onda começou no início da década de 1990, como uma resposta às supostas falhas da segunda onda, e também como uma retaliação a iniciativas e movimentos criados pela segunda onda. Esta onda do feminismo expande os temas feministas para incluir um grupo diversificado de mulheres com um conjunto de identidades variadas.
Reduz-se então o feminismo a ondas, ondas que vão e voltam quando surge uma qualquer questão a resolver, um mero movimento de mulheres descontentes e entediadas que decidem lutar pelos seus direitos. Diriam até alguns que esta coisa do feminismo é agora uma moda que a par com o machismo pressupõe superioridade de um género perante outro, novamente mulheres descontentes e entediadas que se decidem superiores ao homem e resolvem atuar em pequenos movimentos birrentos, concentrados em ondas.
O feminismo é na verdade uma ideologia que tem um simples objetivo, o alcance de direitos iguais. Através da libertação de padrões patriarcais há muito estabelecidos e validados, quebrar normas de género. Envolve diversos movimentos, teorias e filosofias que advogam pela igualdade. O feminismo alterou algumas das perspetivas predominantes em diversas áreas da sociedade ocidental, que vão desde a cultura ao direito.
No mundo onde todos somos iguais pouco sentido faz que sejamos ainda tratados de formas tão diferentes com base no género. Com base no género, decidir que uma pessoa não tem direito à educação, com base no género, decidir que uma pessoa não tem poder de decidir como trata o seu próprio corpo, com base no género, decidir como uma pessoa se deve vestir e comportar, com base no género decidir se uma pessoa tem voz ou não, com base no género agredir, com base no género controlar, com base no género matar. Deveremos então confinar os ideais de respeito pelo outro e aceitação e tolerância pela diferença a ondas? Ou deveremos agir sobre estes princípios, adotando-os como ideologia para que não seja necessária a vinda de mais ondas? Ou será necessário um oceano para reverter esta maré?