Ao
longo da História ouvimos falar no feminismo como um acontecimento recorrente
que vem em ondas. São identificadas três ondas. A primeira, surge durante o
século XIX e início do século XX, concentrada em países como França e Reino
Unido, tendo como objetivo, principal, a conquista do direito ao voto.
A
segunda onda, começou na década de 1960, nos Estados Unidos, enquanto que a primeira
onda do feminismo era focada principalmente no sufrágio, a segunda
onda do feminismo ampliou o debate para uma ampla gama de
questões: sexualidade, família, mercado de trabalho, direitos
reprodutivos e desigualdades legais. Este movimento também chamava a atenção
para a violência doméstica e para a violação conjugal. A terceira
onda começou no início da década
de 1990, como uma resposta às supostas falhas da
segunda onda, e também como uma retaliação a iniciativas e movimentos criados
pela segunda onda. Esta onda do feminismo
expande os temas feministas para incluir um grupo diversificado de mulheres com
um conjunto de identidades variadas.
Reduz-se
então o feminismo a ondas, ondas que vão e voltam quando surge uma qualquer
questão a resolver, um mero movimento de mulheres descontentes e entediadas que
decidem lutar pelos seus direitos. Diriam até alguns que esta coisa do feminismo
é agora uma moda que a par com o machismo pressupõe superioridade de um género
perante outro, novamente mulheres descontentes e entediadas que se decidem
superiores ao homem e resolvem atuar em pequenos movimentos birrentos,
concentrados em ondas.
O
feminismo é na verdade uma ideologia que tem um simples objetivo, o alcance de
direitos iguais. Através da libertação de padrões patriarcais há muito
estabelecidos e validados, quebrar normas de género. Envolve diversos
movimentos, teorias e filosofias que advogam pela igualdade. O feminismo
alterou algumas das perspetivas predominantes em diversas áreas da sociedade
ocidental, que vão desde a cultura ao direito.
No mundo onde todos somos iguais pouco sentido faz que sejamos ainda
tratados de formas tão diferentes com base no género. Com base no género,
decidir que uma pessoa não tem direito à educação, com base no género, decidir
que uma pessoa não tem poder de decidir como trata o seu próprio corpo, com
base no género, decidir como uma pessoa se deve vestir e comportar, com base no
género decidir se uma pessoa tem voz ou não, com base no género agredir, com
base no género controlar, com base no género matar. Deveremos então confinar os
ideais de respeito pelo outro e aceitação e tolerância pela diferença a ondas?
Ou deveremos agir sobre estes princípios, adotando-os como ideologia para que
não seja necessária a vinda de mais ondas? Ou será necessário um oceano para
reverter esta maré?