O Natal é aquela época do ano que todos esperamos: os sorrisos nas crianças, as viagens para juntar toda a família, o enorme banquete da consoada… mas um sentimento bastante presente nesta época é infelizmente toda a pressão e a pressa para comprar as prendas perfeitas a tempo. Os centros comerciais transformam-se em mares de pessoas aos encontrões, os parques de estacionamento passam a ser um “campo de batalha” pelo próximo lugar livre, as lojas acumulam filas intermináveis… Toda esta confusão para que todos os amigos e família tenham um presente de Natal com uma etiqueta a dizer: De mim para ti.
A pergunta é:
porque é que sentimos esta necessidade de perpetuar o consumismo especialmente
nesta época do ano? O Natal não deveria ser sobre união e família? Estarmos
todos juntos e oferecer companhia e bondade em vez de bens materiais?
A verdade é que
cada vez mais se está a perder o verdadeiro espírito da época, as crianças
pedem cada vez mais coisas mais caras e supérfluas: “Quero o novo iPhone para o
Natal”, quando o telemóvel que têm é perfeitamente bom… enfim, como poderemos
culpá-las? A culpa na realidade é nossa, que fomos habituando uma geração de
que esta atitude é o normal.
O Natal costumava
ser sobre enfeitar a casa e a árvore com a família, comer doces típicos incessantemente,
abrir pequenas lembranças que faziam qualquer pessoa que as recebesse pelo
simples facto de se terem lembrado de si. Hoje, ai da mãe ou do pai que não
gastem centenas de euros a comprar as coisas caras que o/a filho/a pediu porque
todos os amigos também as irão receber, ai deles que não percam dias inteiros em
filas à procura daquela coisa específica, e se por acaso a prenda não for a
pedida, ainda há a lata de reclamarem que não era aquilo que queriam… a cultura
do consumismo e do materialismo nesta época já está tão intrínseca na sociedade
que tudo isto é normal, e quem está mal é quem não conseguiu o iPhone11 para a
filha porque devia ter ido mais cedo às compras.
Felizmente nem
tudo está perdido, é claro que há muitas famílias que tentam manter o
verdadeiro significado do Natal vivo, o que desperta ainda alguma esperança nesta
geração, mas existe uma pressão tão grande de amigos e colegas, do tipo: “Ah só
recebeste isso? Eu recebi tal e tal” e isto cria obviamente uma necessidade
maior por parte das crianças de pedir mais e melhor, o que alimenta o consumismo.
Não basta alguns tentarem combater este problema, porque os que o alimentam, transformam
também quem tenta não o fazer.
Concluindo este desabafo, diria que é necessário apelar aos papás e às mamãs para que mostrem o verdadeiro sentido do Natal às crianças, para que mostrem que não é só iPhones e PlayStations, não é só alimentar a regra que se vê hoje em dia de crianças de 5 e 6 anos com tablets e computadores, mas sim família, amor, compaixão e união.