Muito recentemente fui, pela primeira vez, a Berlim, a cidade do graffiti, dos punks, da New Wave. Não vou mentir, não foi isso que encontrei.
De facto, Berlim foi e é conhecida por ser uma cidade cheia de alma, no sentido que, apresenta uma, suposta, autenticidade. Realmente, todos já ouvimos falar das fantásticas, e por vezes impactantes, histórias da cidade. Um espaço muito marcado pela liberdade, individualidade e criatividade. Mas não me deparei com essa realidade.
A globalização não
perdoa, chega a todo o lado e a todos.
No 4º dia na cidade, decidimos ir a uma feira local, com o objetivo de encontrar objetos únicos e especiais para levar para Lisboa. Porém, ao deambular durante 1 hora chegamos a conclusão, os produtos não eram singulares.
As coisas que estavam expostas, eram muito parecidas, senão idênticas, às que se encontravam na feira da ladra em Lisboa. As roupas eram iguais, os acessórios iguais, até os vendedores e os compradores pareciam iguais. Isto é, se daquele jardim público retirasse o desconfortável frio, podia estar em qualquer parte do mundo.
Com este discurso, não estou de qualquer forma a afirmar que os objetos não eram bonitos, ou até, que as pessoas não eram interessantes. Mas sim, que aquele local estrangeiro parecia-me demasiado familiar. As pessoas discutiam os mesmos assuntos, tinham as mesmas influências ( maior parte das vezes originadas nas redes sociais), mostravam-se ao mundo da mesma forma. Estava a falar com a Luzia, mas podia muito bem estar perante a Maria.
Onde está o individualismo? Até, os indivíduos, que os fincavam os seus discursos na diferença, eram idênticos, tornando assim, todo aquele argumento um bocadinho ridículo. Contudo, seria hipócrita de minha parte julgá-los ou criticá-los, pois, eu não sou, sou igualmente impactada pela globalização, como, por vezes, ironicamente, dou por mim a ter o mesmo discurso.
Todos tentamos ser diferentes, sendo que em muitos casos achamos que o somos. Mas será que conseguimos? Vivemos num período da história em que a informação nunca foi tão acessível, e por seguinte, global. Consequentemente, adquirimos as mesmas influências, referências e produtos, transformamo-nos, assim, em vertentes similares da mesma base, sendo banhados por uma homogeneidade.
Será que existe alguma forma de captarmos somente as vantagens da globalização? De conservarmos as distinções de cada país? Mantermos as características que diferencia cada um de nós? Preservamos os fatores que divergem da minha pessoa, portuguesa, com uma pessoa que conheci na viagem, alemã?