Segunda-feira passada (dia 20) fui ao centro comercial Colombo para
comprar os presentes que faltavam para os meus irmãos e como é
óbvio, estava longe de ser a única pessoa que se lembrou de comprar
prendas naquele dia.
Confesso que todo este “ritual” de dar
e receber não é nada prazeroso para mim mas sinto-me na obrigação
de participar e por isso, foi um dia preenchido por uma procura
forçada de coisas inúteis para oferecer, como uma tentativa de
comprar felicidade. A quantidade de gente no shopping, a andar dum
lado para o outro, era absurda. O tamanho das filas era absurdo.
Alguns com a pressa de despachar o que tinham por comprar, acabavam
por ir contra outros ou tentar passar à frente nas filas. Isto é o
espírito natalício e quem sou eu para o julgar? Na verdade, escrever
acerca disto faz-me sentir bastante hipócrita porque também eu
andei no meio daquele ambiente sobrecarregado pela pressão das
prendas.
No final do dia, quando cheguei a casa e olhei para o que
tinha comprado pensei, “Isto era mesmo necessário?”. Se não
fosse o Natal, nunca teria comprado o que comprei, foi forçado e
extremamente stressante mas por outro lado, precisava de ter algo
para oferecer.
O ato de “oferecer” é bonito quando é
espontâneo e/ou de livre vontade e sem duvida que para a maioria dos
consumidores carregados pelo espírito natalício, o sentido de
obrigação e de fazer "parecer bem", ultrapassa a livre vontade. Mas o Natal é isto? A união,
bondade e todas essas coisas bonitas resumem-se a chocolates em
formato de pai Natal ou bugigangas? Confesso que até noto um
espírito competitivo entre os meus irmãos no que toca a comprar
prendas.
Sim, o Natal é maioritariamente isto. O Natal é para gastar, alimentar negócios e estratégias
de marketing, consumir… O homem da atualidade é facilmente atraído e comprado. Os objetos que ele pensa possuir, acabam por o possuir a ele. É o retrato da sociedade materialista e
capitalizada. Eu, faço parte daquilo que critico, para muitos é
inevitável.