“O que vale mais a arte, ou a vida, vale mais do que a comida, mais do que a justiça, estamos mais preocupados com a proteção de um quadro, do que o nosso planeta e as pessoas, a crise do custo de vida faz parte da crise do petróleo, o combustível é inacessível a milhões de famílias com frio e com fome que nem se podem dar ao luxo de aquecer uma lata de sopa, que nem sequer tem dinheiro comprar uma lata de sopa.”
Um discurso feito por duas ativistas climáticas momentos depois de
terem atirado sopa de tomate a obra “Sunflower” de Van Gogh, cada uma com uma
mão colada com supercola á parede em que este quadro se encontrava.
Entre um dos recentes vandalismos á obras de arte para chamar
atenção a luta contra o uso combustível fóssil, destacando também o vandalismo
da obra “Morte e Vida” de Gustav Klimt no museu de Leopold Museuam de Viena e a
mais recente uma estatura de cera de Rei Carlos III no museu Madame Tussauds, em Londres.
Mas até que ponto é a arte é um bom palco para
questões climáticas e que até que ponte é que a sua vandalização ou pelo menos
uma simulação muito bem feita resulta? Pois até a data nenhuma obra foi
realmente danificada, mas sim o vidro que a protegia ou a sua moldura.
O principal objetivo da Just Stop Oil uma
coligação de grupos de ativistas que colaboram juntos com o propósito de tentar
que o governo britânico comprometa-se a desistir de todas as nova licenças e
autorizações para a exploração desenvolvimento e produção de e combustíveis
fosseis no Reino Unido. A principal maneira de a Just Stop Oil chamar
atenção para este tipo de problemas é através de ações publicas não violentas,
como greves e manifestações.
De facto, a desobediência civil sobre a luta contra
o uso de combustível fóssil já tinha começado através de manifestações a porta
de empresas e de bloqueios de estradas, mas apenas quando a desobediência civil
chegou ou campo da arte é que as vozes das ativistas foram ouvidas.
Num mundo sensacionalista e de consumo imediato foi
simplesmente preciso criar uma situação polemica que se choca-se as pessoas tal
como atirar uma lata de sopa a uma das mais simbólicas obras da história da
arte para o tema do combate ao uso de combustível fóssil ser abordado com a
devida atenção que merece.
Apesar de ter sido uma estratégia excelente a nível
de visibilidade , a arte não tem qualquer contexto ligado de uma forma coerente
a este tema, a proteção e preservação de obras de artes entre tantas outras
áreas é capaz de ser das que tem uma menor conexão com a luta contra o uso de
combustível fóssil , a preservação de obras de arte não impede como na frase a
cima citada“milhões de famílias com frio e como fome que nem se podem dar ao
luxo de aquecer uma lata de sopa,(...)”, simplesmente uma coisa não impede que a outra não se
realize.
O direito a protestas e reivindicar ideias ainda por
cima tão urgente como estas é legitimo e extremamente necessário devido a
situação de urgência climática que nos encontramos, mas perde todo o seu
fundamento quando não é obtido por diálogo mas sim alcançado a anular e
destruir outros conceitos , que deveras
não tem nada a ver com o objetivo pretendido.