terça-feira, 12 de novembro de 2024

A descartabilidade e efemeridade atual

        

    As pessoas vivem a correr. Procuramos cada vez mais, formas práticas e acessíveis para nos ajudar a passar os dias. Uma refeição rápida, transporte que não demore muito, compras que vão ter à porta de casa, cinema no sofá — e tudo isto da forma mais barata possível. A praticidade e a acessibilidade, dominam várias áreas e aspectos na nossa vida quotidiana. No entanto, considero que chegámos ao extremo. 

   No âmbito da moda, as pessoas ultimamente têm recorrido a comprar roupa sem qualidade, com pouca durabilidade e muito barata. Isto é normalizado pela sociedade, a meu ver, parcialmente pelo facto da internet todas as semanas lançar novas tendências e novas modas. As pessoas têm a necessidade de se adaptar e de obter o que nos é imposto, mesmo sem a preocupação do ambiente de trabalho de quem produz essas peças. Como estas microtendências não duram muito tempo, a roupa também não tem que durar, e por esta razão, as pessoas não querem, nem sentem necessidade de investir em algo com qualidade e que seja mais dispendioso. Isto gera um ciclo de consumo rápido e descartável, onde o efémero é normalizado e o desperdício, ignorado. 

    A internet tem um papel substancial nesta efemeridade atual, não só pela influência contínua de tendências mas também pelo tipo de conteúdo que os algoritmos valorizam e nos apresentam. As redes sociais valorizam vídeos de curta duração com informação irrelevante, desnecessária e muitas vezes errada. Aplicações como o TikTok, que estão no telemóvel de milhões de pessoas, consistem em conteúdos de curto formato, que moldam os utilizadores a consumirem entretenimento rápido, que não impliquem em qualquer tipo de questionamento e pensamento crítico. 

    Com o avanço da tecnologia e a pressão social que as pessoas acabam por sofrer, este fenómeno da descartabilidade de conteúdos atinge também outros meios, e continuamos neste ciclo de efemeridade e consumo rápido e descartável. Questiono-me se futuramente este problema se irá manter, piorar ou até quem sabe, acabar. Possivelmente as pessoas começam a perceber o impacto negativo deste comportamento e procuram formas mais conscientes e duradouras para viver. Até quando vamos normalizar o efémero?