quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Ilusão da Inovação

 A inovação é o símbolo da modernidade, promete uma vida mais fácil e conectada com produtos como automóveis, aviões, aparelhos médicos e telemóveis. Mas esta ideia de progresso oculta várias contradições e consequências indesejáveis, apresentando um avanço ilusório que preferimos não questionar.

Os carros, por exemplo, são concebidos para impressionar, não para durar, e a inovação torna-se uma montra de produtos que rapidamente se tornam obsoletos, não venham já assim da fábrica, e que são, muitas vezes, propositadamente difíceis de arranjar. A promessa do progresso oculta a realidade de produtos de vida curta, logo substituídos.

Por trás destes, estão trabalhadores em condições intensas e, muitas vezes, perigosas. Em vez de dignificar, a inovação desumaniza, tratando o trabalhador como uma peça descartável para aumentar a produtividade e o lucro. Assim, aquilo que prometia melhorar a vida transforma-se em alienação e perda de identidade para o trabalhador.

A produção acelerada provoca poluição e exploração de recursos naturais, gerando resíduos electrónicos e industriais. A inovação é apresentada como sustentável, mas na prática, o custo ambiental é elevado, e o "futuro verde" não passa de uma promessa vaga enquanto a natureza suporta as consequências.

A inovação revela-se ainda um ciclo necessário de consumo, obsolescência e insatisfação. Não é permitido viver sem telemóvel, e quanto melhor ele for, melhor é a nossa vida. Vivemos à espera do próximo produto sem alcançar uma verdadeira evolução, tornando-nos dependentes de novidades passageiras que, em vez de libertar, nos aprisionam.

É um mito que promete melhorar a vida, um ciclo de consumo e desperdício, no qual celebramos superficialmente cada novo lançamento.