Nós seres humanos estamos sempre a vestir uma camada invisível de roupa que metaforicamente refere-se à cultura. Digo isso pois não importa o que de fato nos esteja a vestir ou a temperatura em questão, nus nunca estaremos, uma vez que estamos sempre acompanhados de uma bagagem visceral que nada mais é do que nossa subjetividade.
Estamos enquanto indivíduos profundamente condicionados a “ver” e compreender o mundo através de lentes que nos foram dadas, nossos olhos adquirem uma certa dimensão social. Penso então na sorte de quem foi iluminado com tais caminhos reflexivos em direção a compreensão da natureza humana e sua relação com a cultura, mas no meu caso posso afirmar que minhas reflexões limitam-se à medida desta tal cultura e que o meu mundo precisa separar-se de si próprio para que possa pensar, afinal sou o mundo e é preciso separar-me do mesmo, até restar só a mim.
Fui suscitada a refletir sobre minha própria subjetividade e capacidade de pacto com tudo aquilo a qual eu fora exposta. O que me pertence? O que me foi enfiado goela abaixo? Seria eu apenas mais uma vítima da socialização e da cultura? Seria vítima a palavra correta para me referir ao processo vitalício de formação da subjetividade individual? Concluo então que é preciso transgredir para coexistir e refletir a respeito do que nem todos os indivíduos têm o privilégio de poder vir a vislumbrar: A humanidade a pensar sobre o mundo é o mundo a pensar sobre si próprio.
Estamos enquanto indivíduos profundamente condicionados a “ver” e compreender o mundo através de lentes que nos foram dadas, nossos olhos adquirem uma certa dimensão social. Penso então na sorte de quem foi iluminado com tais caminhos reflexivos em direção a compreensão da natureza humana e sua relação com a cultura, mas no meu caso posso afirmar que minhas reflexões limitam-se à medida desta tal cultura e que o meu mundo precisa separar-se de si próprio para que possa pensar, afinal sou o mundo e é preciso separar-me do mesmo, até restar só a mim.
Fui suscitada a refletir sobre minha própria subjetividade e capacidade de pacto com tudo aquilo a qual eu fora exposta. O que me pertence? O que me foi enfiado goela abaixo? Seria eu apenas mais uma vítima da socialização e da cultura? Seria vítima a palavra correta para me referir ao processo vitalício de formação da subjetividade individual? Concluo então que é preciso transgredir para coexistir e refletir a respeito do que nem todos os indivíduos têm o privilégio de poder vir a vislumbrar: A humanidade a pensar sobre o mundo é o mundo a pensar sobre si próprio.
Além disso, este tema chegou a mim num excelente momento, enquanto me encontro a ler algo muito especial: “Um quarto só seu” de Virginia Woolf. Resumidamente o livro trata-se de um manifesto que fala sobre mulheres e ficção. Tal tema aparentemente muito simples ganha grande profundidade, à medida que a autora inglesa o aborda relacionando-o com a condição de ser mulher e o que isto significava em meados do século 20. Ela sugere portanto que todas as mulheres deveriam ter um quarto só seu, onde pudessem ter as condições propícias e básicas necessárias para entrar em contato com suas mais profundas reflexões, tendo em vista a série de obstáculos orquestrados pelo patriarcado no mundo fora deste imaginário e seguro quarto.
Imaginemos então, analogamente ao livro, que a partir de uma determinada idade fossemos todos trancados em um quarto, com o intuito de “despertar”.... aprender a ver a vida longe das lentes da cultura, afinal tal não se estabelece no campo da necessidade. Será que seríamos capazes de identificar o efeito do coletivo em nós? Será que isso é sequer possível? Limito-me a pensar que o isolamento poderia vir a ser minimamente esclarecedor e talvez um bocado redundante, tendo em vista que a cultura é tão profundamente integrada à condição de existir que já está pra lá da carne humana.