quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

“Pop Girlies”: A estética na música feminina

Sabrina Carpenter é o melhor exemplo atual da importância da estética para o sucesso de uma artista. Ela lançou o seu primeiro álbum há quase uma década, mas só recentemente é que se tornou aquilo em que pensamos quando dizemos “pop star” .

O seu sucesso aparente, “da noite para o dia”, não foi devido a uma súbita melhoria da sua habilidade musical, mas sim ao desenvolvimento pelo cantora – ou pelo menos pela equipa de marketing desta – de uma brand pessoal que reproduz uma estética que é aceita pelas audiências. É o cabelo loiro e comprido, com corte de borboleta, são os saltos altos e são as roupas provocativas e maquilhagem “classy”, que referenciam padrões do século XX (vem à mente Marilyn Monroe). É uma sexualidade performativa, em que a experiência visual é tão importante quanto – se não ainda mais que – a experiência auditiva.

Mas isso não é único à Carpenter. Olivia Rodrigo, com o seu estilo dos anos 2000 e Charli XCX, com a referencias às Bratz Doll são outros exemplos de artistas com fama internacional que têm uma brand específica, performativa, muitas vezes com algum apelo sexual, em que modernizam uma estética reconhecida pelo público geral, que irá consumir e interagir com a sua arte.

O meu exemplo favorito deste fenómeno – e o de muitas outras pessoas, dado a fama da artista – é Chappell Roan. Ela faz e reproduz tudo o que foi descrito, mas tem uma característica que a diferencia. Ao contrário dos outros exemplos dados, em que as artistas apresentam estilos aceites, que as deixam serem reconhecidas pela sua beleza, Chappell “enfeia-se”, por falta de uma palavra melhor. A sua maquilhagem e roupas são coloridas, detalhadas, mas extremamente exageradas (“b–, I’ll show you a clown”), semelhante ao estilo de Lady Gaga, que por sua vez referencia o estilo de Drag Queens.

É “over the top”, é estranho e é gay – mas não deixa de ser uma brand.

O apelo estético é, assim, muito evidente nos conteúdos das artistas populares e, sem ele, duvido que as suas reproduções musicais teriam o sucesso que têm, uma vez que estariam incompletas sem as características visuais que as acompanham.